ANÁLISE DO NOTICIÁRIO-15/06/2020

A crise institucional avançou duas casas nos últimos dias. Primeiro, com a orientação do presidente Jair Bolsonaro para que seus seguidores invadissem hospitais de campanha para tentar comprovar que a pandemia de coronavírus seria menor do que governadores, prefeitos e os números oficiais mostram. E depois com o ataque com fogos de artifício ao Supremo Tribunal Federal perpetrado por apoiadores do presidente, na noite de sábado.

Os dois atos provocaram reações dos demais Poderes, com pedidos de investigação e uma nota dura do presidente do STF, Dias Toffoli, afirmando que o Supremo jamais se curvará a ameaças. Agora pela manhã, a manifestante bolsonarista Sara Winter foi presa por ordem do Supremo, dentro do inquérito das fake news, o que tende a agravar o clima de confronto.

O acirramento da crise mostra que Bolsonaro perdeu o controle dos seus manifestantes e, a cada dia, vai perdendo as condições do conduzir o país em meio a uma das mais graves crises de sua história. Os exemplos dados pelo presidente e por alguns de seus mais próximos auxiliares, como o ministro Abraham Weintraub (Educação), são claramente contra a ciência, a civilidade e a racionalidade.
​
Difícil imaginar que pessoas de bom senso continuem por muito tempo no governo caso seus métodos não sejam modificados. A saída anunciada ontem do secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, é um sinal preocupante de que Bolsonaro pode ficar sozinho com seus radicais na condução do Brasil.

POLÍTICA
 
Epidemia

• O Brasil soma 43.389 mortes por covid-19 e 867.882 casos confirmados, segundo levantamento feito pelo consórcio de imprensa. Nas últimas 24 horas foram registrados 598 óbitos e 17.086 novos casos. Já o Ministério da Saúde registrou 17.110 novos casos e 612 mortes nas últimas 24h.
• Bruno Covas, prefeito de São Paulo, é diagnosticado com coronavírus.

Crise política

• Manifestantes bolsonaristas atacaram o prédio principal do Supremo Tribunal Federal com fogos de artifício, na noite de sábado. Um deles, Renan da Silva Sena, foi preso.
• Horas depois do ataque, o presidente do STF, Dias Toffoli, soltou dura nota: “O Supremo jamais se sujeitará, como não se sujeitou em toda a sua história, a nenhum tipo de ameaça, seja velada, indireta ou direta e continuará cumprindo a sua missão”.
• O ataque desagradou até a setores do governo. Jorge Oliveira, ministro da secretaria-geral da Presidência, afirmou que o “ataque ao STF é contrário à nossa democracia”.
• Após o ataque, o governador do DF, Ibaneis Rocha, ordenou o fechamento da Esplanada dos Ministérios no domingo e exonerou o subcomandante PM Sérgio Souza.
• A PF prendeu a ativista Sara Winter, em uma operação realizada na manhã de hoje em Brasília. Sara é líder do movimento chamado "300 do Brasil", que esteve acampado em Brasília em apoio a Bolsonaro. A prisão de Sara Winter foi decretada pelo ministro do STF  Alexandre de Moraes, relator do inquérito que investiga a divulgação de notícias falsas, e também ameaças aos ministros da Corte.
• Ignorando proibição do governo do DF, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, foi a ato a favor de Bolsonaro e voltou a chamar ministros do STF de “vagabundos”.
• Pelo terceiro domingo seguido, manifestantes pedem a saída de Bolsonaro na Avenida Paulista.
• PGR pede a MPs estaduais que investiguem invasões a hospitais.
• Gilmar Mendes, em referência direta a Bolsonaro, diz que estimular a invasão de hospitais é crime e afirmou que o Ministério Público deve atuar contra quem defende isso.
• Carlos Bolsonaro reagiu e, mesmo sem se referir diretamente a Mendes, respondeu pelo twitter: "Só um bandido ou um doente mental para minimamente crer que o Presidente incentivou invasão a hospitais ao invés de entender que o citado foi para que cidadãos cumpram seu direito de fiscalizar os gastos públicos!”

Governo Bolsonaro

• O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, anunciou ontem que deixará o  governo até agosto para, depois de cumprir quarentena, trabalhar na iniciativa privada.
• Em entrevista ao Estadão, Mansueto diz que o compromisso com o controle das contas públicas não muda com sua saída: “O fiador do ajuste fiscal é Paulo Guedes” - https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,fiador-do-ajuste-e-paulo-guedes-diz-mansueto-que-confirma-saida-em-agosto,70003333347

ECONOMIA
 
Contas públicas

• O Globo mostra que socorro da União não cobre as perdas na arrecadação em 13 estados.

 
Atividade

• As vendas nos shopping centers de São Paulo no final de semana, o primeiro após a reabertura do comércio, ficaram em 25% da média registrada no mesmo período do ano passado.

Esta Análise do Noticiário de hoje foi escrita por Tiago Pariz e Otávio Cabral.
A Caravelas Comunicação é uma consultoria de comunicação e ajuda as empresas a serem divulgadas nos mais importantes meios de comunicação do Brasil