Orientações e Estratégias de Comunicação em momentos de criseEm 25 de maio de 2020, George Floyd, um negro de 46 anos, morreu na cidade de Minneapolis, Minnesota, depois que Derek Chauvin, um policial branco, violentamente o imobilizou, ajoelhando-se em seu pescoço, por quase nove minutos. Floyd estava algemado e de bruços no asfalto. Chauvin contava com o reforço de outros 3 policiais armados e ignorou os pedidos de ajuda de Floyd, que alegava não conseguir respirar. Tal acontecimento motivou uma série de protestos contra a brutalidade policial dirigida à população de origem afro-americana na área metropolitana de Minneapolis. Em poucos dias todos os estados americanos registraram algum tipo de manifestação e, muitas cidades, sofreram com motins. Além de se espalharem rapidamente pelos Estados Unidos, os protestos contaram com a aderência de grupos de apoio ao movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam) em diversos países do mundo. O grupo tem como missão autodeclarada erradicar a supremacia branca e construir o poder local para intervir na violência infligida às comunidades negras pelo estado. A luta do movimento é pelo fim das mortes físicas mas também das mortes simbólicas, causadas pelo apagamento e discriminação que sofrem as pessoas de origem afro-americana. Mídias Sociais como ferramentas de protesto Além de fornecer uma importante plataforma para as pessoas se comunicarem e organizarem protestos, as mídias sociais permitem que os usuários transmitam informações ao vivo enquanto um evento ou protesto está acontecendo. Ao assumir compartilhar o que estão vivendo ao vivo nas redes sociais, manifestantes e ativistas tomam para si o papel de narrar seu lado dos fatos, o que reduz a “assimetria de informação” entre manifestantes e polícia. Disseminar vídeos e imagens de protestos online também garante a adesão de grupos de apoio ao redor do mundo, amplificando a voz de certos movimentos. Tais compartilhamentos públicos oferecem ainda evidências claras dos ocorridos para ambos os lados (manifestantes e polícia) e permitem que o restante do mundo também possa acompanhar os fatos sem a lente da cobertura jornalística. Ferramenta comum de ciberativismo, as hashtags são utilizadas por movimentos e ativistas como forma de englobar todos os fatos reportados online através de uma simples busca por hashtags específicas. E foi assim que as mídias sociais foram tomadas por fotos pretas seguidas das hashtags #TheShowMustBePaused, #BlackLivesMatter e #BlackOutTuesday na última terça feira, 02 de junho. Blackout Tuesday nos Trending Topics Jamila Thomas e Brianna Agyemang, ambas profissionais da indústria da música nos Estados Unidos, lançaram a idéia do protesto silencioso que buscava marcar o dia 2 de junho como um dia de solidariedade da indústria da música com a comunidade negra, fazendo uma pausa e se desconectando coletivamente do universo musical, tão importante na cultura americana e tão dependente da contribuição de artistas negros. Na ocasião elas pediram às empresas e celebridades do ramo que bombardeassem suas mídias sociais com quadrados pretos para condenar a brutalidade policial e as injustiças raciais contra afro-americanos, ato coordenado que seria conhecido como #BlackOutTuesday. Ansiosos por encontrar maneiras de manifestar seu apoio ao movimento, muitos artistas e empresas rapidamente aderiram à iniciativa, que ganhou momentum instantâneo e colocou as hashtags #BlackOutTuesday e #BlackLivesMatter nos trending topics. O Tiro Saiu Pela Culatra Substituir a foto do perfil ou postar um quadrado preto parecia uma idéia genial para mostrar ao mundo o apoio e solidariedade aos manifestantes. Foi assim que várias celebridades, além de pessoas comuns, aderiram ao movimento e “apagaram” suas timelines na última terça feira com o intuito de amplificar vozes negras. Mas o tiro saiu pela culatra! Tão rápido quanto recebeu adesão, o movimento e seus apoiadores receberam uma enxurrada de críticas. A principal crítica foi a de que, embora bem intencionadas, as postagens com fundo preto seguida de várias hashtags obstrui os canais críticos de informações com os quais protestantes, ativistas e organizadores contam durante os protestos. Com a continuidade dos protestos em todo o país, muitas pessoas continuam sendo presas e a visibilidade da mensagem dos grupos é fundamental. Uma das maneiras mais comuns de acompanhar tudo isso é monitorando ou pesquisando as hashtags que acabaram por ser diluídas ou apagadas pela enormidade de quadrados pretos publicados em tão pouco tempo. "Sabemos que não é intenção prejudicar, mas sendo sincera, isso prejudica a mensagem", postou no Twitter a ativista do Black Lives Matter Kenidra Woods. Quem buscou a hashtag #BlackLivesMatter no Instagram no dia 2 prova seu ponto: é linha após linha de quadrados pretos, com muito poucas postagens de fatos entre elas. Primeira pessoa a criticar a ação orquestrada, a artista Khelani chamou atenção em seu Instagram para o fato de “ao procurar pela hashtag #BlackLivesMatter, não se vê mais vídeo, informações importantes, recursos, documentação da injustiça, apenas fileiras de quadrados pretos”. "Eu realmente acho que este é o momento de forçar a mensagem ao máximo. (...) Acho que o movimento nunca teve tanta projeção. Não precisamos perder momentum postando nada. Agora é a hora de espalhar informações e fazer mais barulho do que nunca." Tuitou o rapper Lil Nas X. Corrigindo o Curso em Meio à Crise A crise causada pela apropriação do movimento #TheShowMustBePaused de maneira indiscriminada levou à completa diluição do propósito das suas criadoras, que era o de incentivar os players da indústria da música a se empenharem em uma conversa honesta e produtiva sobre quais ações coletivas poderiam ser tomadas para apoiar a comunidade negra. A conversa que elas queriam provocar não sugeria a utilização de fotos de fundo preto ou declarações vazias em mídias sociais por celebridades. Tampouco convoca para a utilização maciça da hashtag #BlackLivesMatter, que foi a responsável pelo apagamento da conversa nas mídias sociais. Este foi um caso clássico do poder das mídias sociais para a distorção de planos e intenções lançados nas redes! Ao agir no calor do momento, sem considerar estrategicamente as possíveis repercussões pode-se ter a certeza de que uma idéia ou uma fala poderá ser distorcida ou até apropriada por pessoas ou grupos que não possivelmente não tem ressonância com aos valores da sua mensagem, como o que aconteceu neste caso. Com suas duras críticas à apropriação do #BlackOutTuesday, lideranças do movimento negro, ativistas e, especialmente, artistas negros conseguiram chamar a atenção para o fato de que publicar hashtags, quadrados pretos e palavras genéricas de apoio à população negra não é suficiente. É claro que a confusão fez com que vários players do mundo artístico se responsabilizassem pelos erros e se comprometessem com ações concretas mas é importante ressaltar que ações de correção em contextos de crise tem potencial de alcance bem menos amplo do que o próprio ato ou fato que gerou tal reação. Para pessoas públicas e empresas é importantíssimo estar amparado por profissionais que possam treiná-los e orientá-los na sua estratégia de comunicação, mas que também sejam capazes de assessorá-los em momentos de crise que podem surgir de forma inesperada. A Caravelas Comunicação conta com uma equipe de profissionais conceituados, com mais de 25 anos de experiência no mercado jornalístico, marketing e relações públicas em redações de Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. Ao combinarmos Comunicação Estratégica, Relações Públicas, Mídia Training e Gestão de Crise oferecemos a pessoas públicas, empresas, marcas, políticos e atletas a possibilidade de se comunicarem efetivamente com seu público alvo em quaisquer canais e veículos de relevância, elevando o conteúdo das suas mensagens e evitando crises. Entre em contato conosco e conheça o nosso trabalho. A Caravelas Comunicação conta com uma equipe experiente especializada na Assessoria Integrada e Estratégica de Comunicação de clientes em todo o Brasil.
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April 2022
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